terça-feira, 15 de novembro de 2011

Democracia na Grécia

  O termo democracia, como é sabido, teve a certidão de nascimento na Grécia, como
o regime a que se aplica. (…) 
  O termo apresenta o mesmo tipo de formação de aristocracia – regime em que
dominam os aristoi, “os melhores” no sentido social – e de plutocracia – o sistema
político em que o acesso ao poder se baseia na riqueza. Democracia é assim o
“governo pelo demos”, o povo.
  Falar de democracia grega é falar, pode dizer-se, de democracia ateniense –
expressões que praticamente se equivalem. É certo que em outros Estados gregos o
povo atingiu o poder, em alguns possivelmente até primeiro do que em Atenas, como
aconteceu em Mileto, Mágara, Samos, Quios, onde é provável terem existido
instituições democráticas desde inícios ou meados do século VI a.C. (…)
   Apesar de não ser o mais antigo exemplo de democracia e de não ser caso isolado nos
séculos V e IV, Atenas foi, no entanto (…) a mais conhecida e sempre um ponto de
referência para as demais, a que nos fornece mais fontes e dados para estudo, a que
levou o regime a maior perfeição, a que nos legou princípios ainda hoje
fundamentais. Inspirou, além disso, muitos outros estados gregos a seguir o seu
exemplo. À sua volta formou-se uma simaquia – a de Delos, ou Primeira
Confederação Ateniense, como também se lhe chama –, que esteve na base de um
império, cujas cidades adaptaram, de modo geral, o regime democrático. Esta simaquia, no século V, formava um bloco que se opunha a um outro, liderado por Esparta, a Simaquia do Peloponeso, em cujos Estados dominava a oligarquia. (…)
   No chamado “século de Péricles”, ou, para  alargar um pouco mais os limites, entre
480 e 380 Atenas viveu uma época áurea no aspecto cultural, artístico, literário,
político e econômico. Era uma cidade cheia de vida, de dinamismo, onde afluíam
pensadores e comerciantes de todos os lados. (…)
  A cidade atraiu intelectuais de várias partes da Grécia e foi no seu seio que a História
atingiu a maturidade com Heródoto e com Tucídides; que o Teatro se desenvolveu e
nos legou peças que ainda hoje são obras-primas constantemente imitadas; que o
movimento dos Sofistas se afirmou como resposta às necessidades do regime
democrático; que a arte atingiu o pleno  desenvolvimento com as realizações da
Acrópole; que a educação, a filosofia, a ciência deram passos decisivos com Sócrates, Dossier temático – A Democracia Grega    4/26 Platão, Isócrates, Aristóteles; que apareceu a teorização e a reflexão política sistemáticas.
   Se os Helenos descobriram a democracia, foram também eles que criaram a teoria
política – a arte de chegar a decisões graças à discussão pública. Nisso Atenas teve
papel de realce. Foi nessa polis que primeiro se refletiu sistematicamente na
realidade política, observando-a, descrevendo-a, comentando-a; foi aí que em
definitivo se formularam teorias políticas. (…)

   Os Gregos e Romanos, sobretudo os primeiros, eram ciosos de ter por único soberano a
Lei, e isso os distinguia profundamente dos Bárbaros. Mesmo os governantes tinham
de lhe obedecer e por ela conformar a sua atuação – sobretudo eles, porque como
observava e bem Creonte na Antígona de Sófocles, não se conhece o temperamento
e caráter de um homem antes de ele se exercitar no poder e na legislação. Esse
poder e leis vêm da participação dos cidadãos, sendo nestes que reside a pólis.

Postado por: Carolline Souza Teixeira 

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